#JOGAJUNTO

Reflexões sobre a trajetória da Liga Nacional de Basquete

05-08-2022 | 03:39
Por Liga Nacional de Basquete

Delano Franco e ex-presidentes da Liga comentam momentos marcantes de suas gestões, ressaltam avanços e projetam o futuro da entidade que completou 14 anos

A história da Liga Nacional de Basquete é marcada por inúmeras conquistas dentro e fora da quadra. A instituição, que comemora 14 anos neste mês de agosto, nasceu da união de clubes focados em transformar o modelo de gestão da modalidade e criar um produto inovador para os fãs de basquete e parceiros comerciais. O trabalho da LNB, inegavelmente, é bem-sucedido e hoje serve de modelo no cenário esportivo brasileiro. 

Nos ginásios, os maiores ídolos do basquete nacional em quase uma década e meia foram responsáveis por momentos inesquecíveis, transformando o NBB em um espetáculo atraente para o público e patrocinadores. Fora deles, profissionais dedicados e focados se esforçam ano a ano para preparar o palco e promover o show dessas estrelas. São liderados por pessoas de visão e talento, compromissadas com um único fim: o desenvolvimento da modalidade.

Desde sua fundação, a Liga Nacional de Basquete teve seis presidentes – Kouros Monadjemi, Cássio Roque, João Fernando Rossi, Nilo Guimarães, Lula Ferreira e o atual, Delano Franco. Todos, sem exceção, contribuem para revolucionar o esporte e fazê-lo trilhar um caminho de inovação constante. São estes presidentes que agora contam um pouco de suas trajetórias à frente da entidade:


Delano Franco (Atual presidente)

À direita, Delano Franco, atual presidente da LNB


“Liderar a Liga Nacional de Basquete é motivo de grande orgulho. É recompensador fazer parte de um movimento que há 14 anos vem contribuindo para a renovação do basquete e que sempre foi comandado por profissionais de grande talento. Bom ver também que o modelo baseado em decisões colegiadas está consolidado. Nosso mantra é que a nossa força está na união dos clubes participantes da Liga. Esse trabalho irmanado nos permite traçar estratégias conjuntas de inovação e promoção de nossas competições.

Nas duas últimas temporadas, a Liga enfrentou e superou desafios inesperados. O principal deles foi a pandemia, que nos obrigou a tocar o NBB em meio a um cenário de grande incerteza, marcado por ondas de abertura e fechamento das atividades em todo o país. Foi um momento que exigiu agilidade na tomada de decisões e responsabilidade, representada principalmente pela implementação de um protocolo médico extremamente cuidadoso. 

Nessa trajetória foi fundamental o apoio de nossos parceiros, em especial do CBC, cuja relação com a Liga é cada vez mais sólida. Superados os obstáculos, terminamos a temporada 2020/2021 com jogos finais emocionantes entre duas clubes de grandes torcidas – Flamengo e São Paulo – sendo o campeão definido na última cesta.  E contar a história dessa temporada, mantendo o interesse do público e garantindo as entregas previstas em nossos acordos comerciais exigiu criatividade. Um ótimo exemplo foi o Jogo das Estrelas, realizado no Rio de Janeiro. Pela TV e por nossas redes sociais, o público fã de basquete pôde assistir e participar de um espetáculo marcado por tecnologia e inovação, que gerou muito engajamento.

2021/2022 foi a temporada da retomada. Com o controle da pandemia, para nossa felicidade, vimos o público retornar aos ginásios, sem que perdêssemos de vista o estrito cumprimento dos protocolos médicos. No campo do Marketing, comemoramos a volta da SKY como patrocinadora importante. Avançamos em projetos estruturantes e de inovação. A parceria com a EY é um fato marcante que nos trará as melhores práticas de gestão do esporte no mundo e ações inovadoras que melhor se apliquem ao nosso ecossistema. 

À esquerda, Delano Franco, atual presidente da LNB

No mundo digital, focados no diálogo com as novas gerações, nos lançamos no mundo dos NFTs e estamos olhando, com interesse e atenção, para as oportunidades do Metaverso. Olhando para o futuro próximo, já iniciamos, com um ano de antecedência, o planejamento do Jogos das Estrelas, que nesta edição terá o espetáculo dentro de quadra acompanhado por uma agenda de encontros corporativos voltados para patrocinadores do ecossistema do basquete.

Por fim, e não menos importante, vale reforçar e destacar avanços na área financeira como os planos de construção de um fundo de reserva e a criação de uma filial da Liga no Rio de Janeiro com objetivo de levantar recursos incentivados do estado para nossas iniciativas.”

 

Kouros Monadjemi (2009 a 2012 e 2018 a 2020)

À direita, Kouros Monadjemi entregando troféu de MVP para Shamell (FIBA Américas/Divulgação)

“A Liga surgiu da visão e do trabalho árduo de pessoas apaixonadas pelo basquete, que entendiam ser necessária uma profunda renovação e reestruturação na gestão da modalidade no Brasil, buscando a maior participação dos clubes na tomada de decisões e a realização de competições bem organizadas e atraentes para o público e parceiros comerciais. E foi realmente a entrega de seus fundadores – Calixto, Rossi, Cássio Roque, Dadinho, Éder, Jorge Bastos, Arnaldo Szpiro, Luis Silva, Inácio, Rodrigo Coube, Guerrinha, Carvalho, Luiz Felipe Azevedo, Alarico, José Luiz Lana, Alberto Bial, além de técnicos e jogadores de diversos clubes – o que fez a diferença para que nosso projeto nascesse forte e fosse, ano após ano, se consolidando.

 

Nosso primeiro desafio foi a busca pela união dos clubes, uma vez que a ideia de uma concepção da Liga como um todo deveria buscar o desenvolvimento do basquete ao invés do benefício do próprio clube. Isso, é claro, levou algum tempo, mas depois de alguns anos conseguimos colocar a Liga à frente no desenvolvimento da modalidade. Por isso, quero agradecer a todos os presidentes e dirigentes esportivos envolvidos nesse processo, incluindo o Calixto, que foi um dos mentores e criadores do estatuto da Liga, por se doarem tanto pelo desenvolvimento do nosso basquete. O segundo ponto que acho fundamental foi a gestão empresarial da Liga, comandada pelo Sérgio Domenici, Álvaro Cotta, Paulo Bassul, Gilmar Gomes, Guilherme Buso, Flávia Almeida e do Lula Pereira. Essas pessoas conseguiram não só manter uma gestão super moderna e clara para todos, sem nenhuma indicação de protecionismo de cá ou de lá diante de uma grande quantidade de clubes. Hoje, essa gestão e seus colaboradores são um dos pontos fundamentais para o sucesso da Liga. 

Kouros Monadjemi, ex-presidente da LNB

Para o futuro, gostaria que caminhássemos para alguns pontos importantes. Primeiro, a consolidação da gestão profissional dos clubes. Isso é fundamental para que o ecossistema do basquete consiga mais patrocínios. Outro aspecto muito relevante é o fortalecimento das competições que realizamos, como o NBB, a LDB, o Torneio Interligas e o Jogo das Estrelas. Também temos que trabalhar pela melhoria das nossas instalações esportivas, como ginásios e centros de treinamento, oferecendo para torcedores e atletas cada vez mais conforto e condições de trabalho. Por fim, a consolidação da união de todo o ecossistema. É fundamental para toda a modalidade que instituições como a Liga Nacional de Basquete, a Confederação Brasileira de Basketball e a Liga de Basquete Feminino estejam sempre unidas para o maior desenvolvimento da modalidade. Naturalmente que as federações estaduais estão dentro do contexto da Confederação.”

Cássio Roque (2013 a 2016)

Cássio Roque, ex-presidente da LNB

“É muito bom poder falar a respeito da Liga, porque tenho muito orgulho de ter participado da fundação dela. Hoje em dia, mesmo de fora, ainda consigo acompanhar os seus rumos e vejo que a essência permanece. E esse é um dos segredos da instituição: o espírito e os valores que aqueles idealistas formaram lá atrás permanecem até hoje, mesmo com uma renovação no quadro de conselheiros e diretores. A Liga conquistou esse direito à autonomia dos clubes para escolher seus próprios caminhos, com direito a errar, mas errar pelas nossas próprias convicções. E a palavra central que explica muito o porquê da Liga se manter até hoje, é a união. 

O conceito disseminado no início e que se mantém até hoje, de que deve prevalecer o interesse coletivo sobre o particular, eu tenho certeza que continua sendo mantido. E graças a essa visão, a Liga permanece unida. Vale também destacar que além dos idealistas que fundaram a Liga, nós temos um corpo de executivos diferenciado, que é outro segredo para o sucesso. São pessoas com o empenho de um voluntário e a competência de um profissional. Me orgulho muito de ter feito parte da Liga e acredito que mesmo distante atualmente, ainda estamos juntos pelo basquete.”

 

João Fernando Rossi (2016 a 2018)

João Fernando Rossi, ex-presidente da LNB

“Nosso maior desafio na época da criação da Liga Nacional de Basquete era fundar uma instituição que promovesse a união dos clubes, que juntos iriam gerir o seu próprio campeonato. No período em que presidiu a Liga, o momento mais crítico foi o fim do contrato com a TV Globo. Tínhamos a necessidade de expandir o basquete em nível nacional e não necessariamente permanecermos ligados a uma única emissora. Criamos e conduzimos então a implementação do projeto Multiplataforma, que previa a transmissão dos jogos do NBB na Fox Sports, ESPN, Band, BandSports, além de Twitter e Facebook. Foi um sucesso! Dessa forma, o maior desafio de minha gestão foi implementar essa estratégia multiplataforma para a popularização do basquetebol e como eu sempre dizia à época, fazer do basquete algo mais democrático, oferecendo aos fãs várias opções para acompanhar os jogos dos seus clubes. 

Esse projeto multiplataforma também teve impacto comercial muito importante, proporcionando o fechamento de contratos relevantes, sendo o principal deles firmado com a Caixa Econômica Federal. Em seguida veio o acordo com a Sky… Enfim, tivemos um boom de patrocinadores que foi importante. Além disso, realizar o Jogo das Estrelas de 2018, no Ibirapuera, foi um grande desafio, saindo do modelo tradicional de um jogo “normal” para entrar no mundo do entretenimento esportivo com ativações especialmente direcionadas para patrocinadores, participação de influenciadores digitais, ampla cobertura da mídia, atrações musicais… Eu acho que foi um grande sucesso que criamos para o mercado esportivo brasileiro.”

 

Nilo Guimarães (2020)

Nilo Guimarães, ex-presidente da LNB (Ney Sarmento/PMMC)

“São 14 anos de muita evolução. Os clubes realmente entenderam que somos rivais dentro de quadra, mas fora dela os problemas são comuns a todos e eles se ajudam e se respeitam, participando ativamente, sendo ouvidos e respeitados. Particularmente, tenho um orgulho enorme de fazer parte desse seleto grupo de clubes e pessoas que realmente amam o basquete. Mais ainda, tenho orgulho de ter tido a oportunidade de estar à frente da Liga, mesmo que em um momento muito difícil no início da pandemia, mas que acabou sendo um período de muito aprendizado. E que demonstrou muito a credibilidade que a Liga tem no mercado esportivo. Realizamos dois campeonatos utilizando um protocolo médico muito eficiente e fizemos os torneios acontecerem. Temos subido degraus espetaculares e a Liga de Desenvolvimento é um deles. Ficamos muito felizes porque precisamos fazer com que as novas gerações “aconteçam”, para que tenhamos sempre um basquete competitivo no cenário nacional e nas competições internacionais nas quais o Brasil está presente.”

 

Lula Ferreira (2020)

“A Liga Nacional de Basquete nasceu em um momento de grande fragilidade do basquete, que sofria de uma turbulência que poderia trazer grandes prejuízos para a modalidade. E esse movimento foi fruto do esforço e dedicação de alguns dirigentes que considero “mágicos” para o basquetebol brasileiro, como Kouros Monadjemi, João Fernando Rossi, o Doutor Calixto, o Cássio Roque e outros que agregaram muito valor à instituição. Essa entidade trouxe para nossa modalidade uma força que o basquete nunca teve antes em relação aos clubes, porque os clubes passaram a ter voz e vez , trazendo uma força incrível para o basquetebol brasileiro, que hoje vive um momento de fortalecimento. Mas sabemos, é claro, que o caminho ainda é longo e muita coisa há de ser feita. 

Lula Ferreira, ex-presidente da LNB

Para mim, foi uma grande honra poder ocupar, mesmo que por um curto período, a presidência da Liga Nacional de Basquete em substituição ao grande basqueteiro Nilo Guimarães. Eu, por ser o conselheiro mais velho na ocasião, tive a honra de presidir essa instituição. É uma entidade que tem uma força incrível dos seus colaboradores que faz com que sua gestão seja muito tranquila. Eu não poderia também deixar de citar a figura do Sérgio Domenici que, desde o início, é o grande comandante e gestor profissional da LNB. O Sérgio soube lidar com todas as dificuldades que se apresentaram até esse momento, sempre com muita firmeza e sabedoria, dando uma colaboração enorme para o basquete nacional. O orgulho que eu sinto em participar dessa entidade é uma das maiores alegrias que eu já tive no basquetebol.”